Nesta segunda-feira ocorreu a cerimônia de posse dos secretários que assumem a SECULT, a SEDURB e a Casa Civil. Somente hoje, sexta-feira, tive tempo para escrever sobre isso. Mesmo sendo notícia antiga, achei importante escrever algumas notas sobre o Puty que deixou a Casa Civil e passou a assumir uma nova tarefa no gabinete da Governadora.
“Rumo a Outubro” como ele próprio definiu em seu blog.
Conheci o Puty no final de 2007 quando ele era Secretário de Governo. Ele estava participando de debates com a juventude e propondo um entendimento de que a juventude tinha um papel estratégico a cumprir no novo modelo de desenvolvimento proposto para o estado. Na secretaria de governo ele estava coordenando a implantação das obras do PAC no Pará. Discutia a criação de um programa estadual de moradia. Dava os primeiros passos necessários para sediarmos o Fórum Social Mundial.
A SEGOV era enxuta e eficiente, reunia alguns dos quadros mais competentes do governo e contribuía com as demais secretarias potencializando e sincronizado suas ações. Trabalhava em parceria com a SEIR na regionalização das políticas públicas do governo e tentava agregar um conjunto de ações do Estado nos territórios mais carentes de políticas públicas.
A SEGOV, junto com a Casa Civil, era a principal representação política do governo. Deu respostas consistentes as “crises” ou pretensas “crises” nas áreas de saúde e segurança pública. Articulou melhoras na comunicação do governo. Negociava com o funcionalismo, negociava com os movimentos sociais do campo e da cidade, negociava com os temporários. Muita da atividade da SEGOV tinha a marca característica do Puty: a enérgica defesa da governadora e do Projeto Popular que ajudava a construir.
Com a saída do Charles, foi natural que o Puty assumisse a Casa Civil. Foram dois anos. Com a sua despedida na segunda-feira e sua nova tarefa no gabinete da governadora, cabe lembrar o importante papel que ele cumpriu ao longo desses três anos de governo.
A história não é inevitável, as coisas não acontecem independente da vontade dos indivíduos. Mas (antes de me acusarem de liberal), também não creio que a história seja resultado de meras opções individuais. Há um meio termo. Os indivíduos fazem história, cumprem um papel na história e são capazes de influenciá-la. Mas nada são sem um grupo, sem um projeto, sem uma classe. A passagem do Puty pelo governo até o presente momento é um interessante exemplo disso. Sem ele, muito não seria possível e nem teria se concretizado, na melhor das hipóteses, seria diferente. Mas ele é parte de um todo, de um projeto e da esperança de milhões de paraenses. Não só daqueles que o apóiam ou apóiam a governadora, mas daqueles que sofrem as duras condições contra as quais o Puty se indignou quando jovem e que decidiu dedicar a vida para combater: a miséria, as desigualdades, as elites irresponsáveis, o saque de nossos recursos naturais, a exclusão da juventude etc. Um “intelectual orgânico”, no conceito de Gramsci.
Assim, dentro da contribuição do Puty numa fatia desse enorme projeto comandado pela nossa governadora Ana Júlia, destaco: o sucesso do Fórum Social Mundial; a aprovação de projetos de lei da iniciativa da governadora como: meia-passagem estudantil intermunicipal, licença maternidade de 6 meses, regularização fundiária em áreas públicas estaduais, zoneamento econômico e ecológico; Investimento em políticas públicas de juventude: execução do PROJOVEM em âmbito estadual (o governo estava na ante-véspera de perder o prazo para a implantação do programa quando a Casa Civil o assumiu, hoje ele foi ampliado devido ao reconhecimento do governo federal da boa gestão do programa), PROCAMPO e a Casa da Juventude; o dialogo com movimentos sociais; a ampliação e consolidação da base do governo para as próximas eleições; o combate ao desmatamento ilegal da Amazônia; a regularização fundiária; os multirões da cidadania e muitos outros projetos e ações que ajudaram a consolidar a marca do governo popular e vão, sem dúvida, contribuir na reeleição da governadora.
Com essa mudança, o Puty continua no governo, mas deve sair em julho. Muitos o apontam como candidato nas próximas eleições. Gosto de olhar um cenário mais amplo. O PT paraense perdeu nos últimos anos duas importantes lideranças de esquerda com densidade eleitoral. Perdemos o ex-deputado federal Babá e o ex-prefeito de Belém Edmilson Rodrigues, ambos estão no PSOL e o primeiro mora no Rio de Janeiro (sem mencionar a Araceli, o Nery e a Marinor). O Puty representa, então, uma novidade. Uma pessoa que está se tornando numa figura pública com um bom potencial de votos, num momento em que o partido precisa recuperar sua rota de crescimento no eleitorado paraense. Por exemplo, com a candidatura do deputado federal Paulo Rocha para o Senado, provavelmente o PT perderia uma de suas vagas na câmara federal. Mas, tenho certeza que as candidaturas do Puty, do Carlos Martins, do Miriquinho e do Mário Cardoso podem não apenas assegurar essa vaga para o partido, como também até ampliar para mais uma.
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