Aluno de biologia da UFPA, bolsista do Instituto Evandro Chagas e estagiário do Laboratório de Neuroendócrinologia

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Candidatura na Contra-Mão da História

image

Sou muito simpático ao Plínio. Durante anos de minha militância política compartilhei com ele as visões de Brasil e de futuro. No PT fui parte, inclusive, de sua organização política – a Força Socialista. Rompi antes deles saírem do PT e fundarem o PSOL por divergir de sua opinião sobre o governo Lula. Infelizmente a candidatura dele hoje no Brasil, mais atrapalha que contribui.

Embora ele seja sincero e faça um debate importante sobre desígualdade e socialismo não consegue dimensionar plenamente a realidade brasileira. O Brasil não vive hoje a oposição utópica entre reforma e revolução, entre socialismo e capitalismo. Antes, vive a oposição entre dois projetos reais, um do passado - que não perdeu toda sua vitalidade e se manteve em estados estratégicos – e outro de coalização, de reforma, de conquista de direitos democráticos, de acúmulo de forças para a democratização da renda.

A Dilma não representa a nacionalização dos bancos e da economia, a reforma agrária ampla e radical e a expropriação da burguesia. Ela lidera uma coalização de partidos de esquerda, de centro e de direita que tem plenas condições de enterrar de vez o neoliberalismo no Brasil e aprofundar e radicalizar as mudanças iniciadas no governo Lula. Dilma representa o fortalecimento do Estado e dos serviços públicos: saúde pública acessível a todos, universalização do ensino superior, erradicação da miséria, fortalecimento da economia em bases produtivas e mais democráticas, oportunidades para a juventude, geração de emprego e o fortalecimento da cidadania.

A ânsia do setor que Plínio representa hoje em “acelerar” as coisas e chegar de imediato na “raiz” do problema nasce de uma pobre análise de correlação forças e tem como consequência prática um pífio resultado eleitoral (como foi o PSOL em 2008), não chega nem a arranhar a hegemonia da elite e do latifúndio e nem a ameaçar o status quo, ou seja, não acumula forças. Não melhora a vida de ninguém.

Ficar indirente diante do avanço que o governo Lula representou e a eleição de Dilma representa em pontos chaves como a diminuição da miséria, o fotalecimento do Estado, avanços de políticas sociais e distribuitivistas. Colocar Dilma e Serra numa vala comum e – pior- ignorar que a Dilma tem chances reais de ser eleita, enqanto o Plínio não. Acaba afastando a possibilidade do PSOL e os grande companheiros que compõem as suas fileiras como o Babá, a Heloísa, o Edmilson e o próprio Plínio têm de influenciar no destino da classe trabalhadora no Brasil. Pois demonstram irresponsabilidade com o destino do Brasil, não dimensionam o poder que as elites neoliberais ainda possuem e o retrocesso de elegermos o Serra e nem dimensionam o quanto é negativo se colocar no gueto, à margem, num momento em que o povo brasileira discute o abismo entre dois modelos tão distintos.

Nenhum comentário: