Há uma moda na discussão de políticas públicas de juventude de se estruturar a fase da vida considerada jovem em faixas etárias com idealizações de como deveriam viver os jovens, por exemplo, entre 15 e 18 anos, entre 18 e 24 e entre 24 e 29 anos. Esses quase tipos ideias weberianos podem ser úteis na organização de programas e na escolha de público-alvo para políticas, no entanto, podem, também, conduzir a uma tipificação arbitrária que pouco dialoga com as realidades juvenis. Um exemplo é uma suposta polêmica sobre quando deveriam os jovens serem incluídos no mercado de trabalho.
Por um lado uns defendem retardar a entrada dos jovens no mercado de trabalho alegando que os trabalhos disponíveis aos jovens numa categoria etária, por exemplo, de 15 a 24 anos, são precários, de baixa remuneração e sem direitos trabalhistas. Outros defendem a antecipação dessa entrada, com qualificação profissional desde o ensino médio e com ingresso mais precoce possível no mercado de trabalho - Afinal de contas, a maioria dos jovens nessa faixa etária quer trabalhar mesmo e muitos já, inclusive, trabalham.
Acredito que ambas as visões têm sua parcela de razão e contradições. Mas também compartilham uma motivação que considero simplista. Não acredito que devemos formular políticas baseados em rigorosas faixas etárias, embora a idade seja um importante indicador (inclusive delimita “convencionalmente” o que é e o que não é juventude), mas não é o principal. Acredito que os principais agrupamentos de jovens para se pensar numa política voltada à inclusão no mercado de trabalho são grandes padrões condizentes à realidades concretas que podem destoar muito quanto à idade, embora possam apresentar uma média mais ampla. Em relação ao mundo do trabalho, considero mais relevante que a própria idade, no que diz respeito à inclusão, fatores como situação familiar, renda, experiência profissional, formação profissional, escolaridade, gênero e etnia só para citar alguns exemplos.
Esses fatores que determinam alguns “fenômenos” do mundo do trabalho que precisam ser alvo de políticas públicas, por exemplo:
a) O trabalho sub-humano e degradante de jovens e crianças, principalmente nas grandes metrópoles;
b) O trabalho precoce, mal remunerado que concorre com a educação e limita o indivíduo a viver e permanecer como mão-de-obra barata;
d) O desemprego “forçado” de jovens que paralisaram os estudos e procuram meios de sobreviver, mas não encontram;
d) As jovens que trabalham mais e ganham menos que os jovens;
e) Os jovens negros que ganham menos que os brancos;
E muitas outras categorias, não claramente delimitadas em faixas de idade, poderiam ser apresentadas como alvo de políticas específicas. Mas a idéia é que as políticas, independente da limitação da idade, tenham como público-alvo jovens que estão numa situação concreta de emprego e desemprego, levando em consideração questões familiares (como a renda e os casos de jovens que constituem família cedo), o gênero, o grau de qualificação profissional e o nível de escolaridade, dentre outros fatores.
Finalmente não podemos perder de vista que o nosso projeto ainda está em sua infância e existem séculos de defasagem para reparar. Estamos ainda longe de estruturarmos um ciclo descente de vida para a juventude brasileira. Podemos sonhar, mas não fazemos idéia de como esse ciclo seria num país sem trabalho desumano, sem miséria extrema, sem desemprego e com educação amplamente acessível a todos/as. Não creio que nesse novo país todos meramente reproduziriam o ciclo de vida da classe média contemporânea. É por isso que defendo sermos mais abrangentes em nossas políticas e “atacar” problemas mais condizentes com a realidade dos/as jovens.
3 comentários:
Daniel vc deu o tiro errado. É Edu Valdoski e GabrielMedina, na verdade tda a JDS que defende como política central a postergação da entrada do jovem no mercado de trabalho para os 25 anos.
Esse debate tem a ver com as teses do márcio pochmann e não com as divisões que vc apontou.
Se liga.
Nem atirei. Como poderia ter errado? Conheço a proposta da JDS e concordo com ela. Inclusive considero minhas idéias um aprofundamento delas.
Não é sobre isso o meu post. É sobre o que priorizamos para definir como políticas para a entrada da juventude no mercado de trabalho. Nosso norte pode ser postergar a idade, mas antes temos que enxergar situações de vida mais abrangentes como as que listei.
E se atirei em alguém como dizes foi em quem é contrário a uma política que favoreça os jovens do PROJOVEM a entrarem no mercado de trabalho!
Tá bom super safo mas lendo o exto logo se ve que vc confunde bem a bola dos debates que são seus e os da jds..
"Nosso norte pode ser postergar a idade, mas antes temos que enxergar situações de vida mais abrangentes como as que listei."
Isso não é o q pensa a jds mas o daniel.
se fosse vc fazia um estudo decente dos debates atuais pq senao vai atgirar no pé e paga mico.
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