Aluno de biologia da UFPA, bolsista do Instituto Evandro Chagas e estagiário do Laboratório de Neuroendócrinologia

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A Juventude na Reeleição IV



A Juventude do Campo




O Pará é um estado em que o meio rural ainda é muito presente. Mais de 70% da população mora em municípios do interior do estado e a maioria desses municípios tem grande parte da sua população (quando não a maioria) vivendo no campo. Ilhas, várzeas, campos naturais, assentamentos na margem de estradas e vicinais são habitat de mais de 2 milhões de paraenses.



Apesar disso, a maior parte das comunidades rurais nas quais as pessoas vivem da agricultura camponesa foi marginalizada no que diz respeito aos investimentos públicos e aos serviços básicos como educação e saúde. A marginalização do campo está presente em todo histórico de desenvolvimento da Amazônia.



Não é raro, em grandes áreas rurais com mais de 30 mil habitantes (como a região de ilhas de Abaetetuba) não existir nenhum médico e nenhum enfermeiro. As comunidades raramente têm o ensino fundamental regular completo e o ensino médio muito menos. Quando existem, são modulares, com professores da cidade (que não se ajustam à localidade) às vezes, prejudicam o aprendizado, por isso apresentam um índice de evasão alto.



Sem mencionar que as políticas públicas realmente existentes como as próprias escolas de ensino fundamental e modular, raramente estão adaptadas à realidade do campo. Não são adequadas à profissão dos jovens e de seus pais na terra ou nas águas e, na maioria das vezes, são espécies de "bancas de encaminhamento" para a cidade. Os agentes de saúde e técnicos de enfermagem encaminham para os hospitais nas cidades. Os professores encaminham para educação na cidade. E, assim, caminha a vida. Os jovens deixam o campo para viver precariamente na cidade, por vezes na casa de parentes que, em tempos atrás, fizeram o mesmo movimento migratório.



Muitas políticas louváveis já foram iniciadas pelo governo federal com o objetivo de dar alternativas de vida à juventude no próprio campo. No entanto, a maioria dessas políticas enfrentom grandes dificuldades e estão caminhando em passos muito lentos para as necessidades da juventude paraense. Não vou aqui entrar no mérito dessas políticas, mas penso que em âmbito local e pelas características já mencionadas do nosso estado com grandes populações camponesas, o Governo do Estado deve sinalizar para a criação de um grande projeto para juventude do campo.



A política para a juventude do campo deve pensar as seguintes questões:



1)Acesso dos/as jovens à terra. Isso, em alguns casos, é uma questão de reforma agrária, em outros de regularização fundiária. É importante destacar nesse ponto a questão de gênero. O acesso deve ser às jovens mulheres também, incluindo as mães solteiras; (vou escrever mais tarde um post sobre isso)






2) Criar condições dos/as jovens permanecerem e produzirem no campo. Um complexo de políticas que precisam ser articuladas para favorecer essa permanência. O crédito para produção é fundamental (pode ser o PRONAF jovem adaptado ao Pará), infocentros, uma política de incentivo à cultura e esporte no campo, dentre outras ações;




3) Garantir formação e educação para os/as jovens no próprio campo. erradicar o analfabetismo rural (pode ser através do MOVA) e adequar os programas de formação para o mercado e elevação de escolaridade, como o PROJOVEM e o Bolsa Trabalho para os/as jovens do campo e favorecer a sua permanência no campo, alem de desenhar um programa para o ensino médio (como as escolas de alternância) que não seja alheio à realidade da vida e do trabalho no campo são alguns de nossos desafios. Alem desses, a criação de um programa que dê acesso e permanência dos jovens do campo à universidade e garanta o seu retorno para trabalhar (pelo menos um período) em suas comunidades depois de formados.




Que fique bem claro que quando defendo a criação de um programa para os jovens do campo, entendo que alem de programas específicos, precisamos de uma ampla articulação institucional para garantir esses direitos à juventude. Escreverei mais sobre articulação institucional, acesso ao ensino superior e pesquisas na área de juventude em posts a seguir...

2 comentários:

Anônimo disse...

óTIMA ANALIZE!

o pronaf jovem só não dpA conta.

sds

Anônimo disse...

Não sou PT. Mas se colocarem metade disso em prática voto Ana Júlia

Parabéns amigo, como tá?

Diana